Quem é o arquiteto?

Essa semana estava conversando com uma amiga minha sobre faculdade, estudos, e pra variar ela estava tentando me convencer a sair, das umas voltas, no final de semana, para respirar novos ares ver caras novas e quem sabem encontrar um "cobertor de orelha", e eu como sempre dizendo que não podia pois estava com muitos trabalhos da faculdade para fazer, e ela não entendendo como que podia eu ter que estudar tanto, será que eu era tão burrinha assim que tinha que ficar trancada em casa para estudar... então disse para ela que pouco eu estudava, mas que porem tinha muito trabalho prático pra fazer, quando comentei que estava fazendo um trabalho de Urbano que reformulava o centro da cidade, ela deu uma risada e quase me chamou de louca, ou seja, ela não tinha a mínima noção de que eu arquiteto urbanista faz.

Sabem... a nossa profissão está tão mascarada na sociedade hoje, está tão escondida, que muitas vezes as pessoas nem sabem quem somos. Eu não falo somente de pessoas de baixa renda, falo de pessoas cultas (que se dizem pelo menos), que tem uma formação, que deveriam ter um conhecimento mais abrangente de todas as áreas.

Normalmente não saímos por ai perguntando para o Agrônomo, ou para o Engenheiro ambiental o que ele faz, pois nos parece tão óbivo, mas por que sua profissão é demonstrada pela mídia, e já nós arquitetos ficamos somente no anonimato. Qual seria o motivo desse anonimato?

Por onde podemos começar... quem sabe por nós não termos o nosso próprio Conselho? Pois hoje o arquiteto tem que dividir o conselho com todos os engenheiros (nada contra os engenheiro, acho eles muito importantes para o nosso trabalho), não é somente com os engenheiros civis que daí poderíamos dizer que tem a ver uma coisa com a contra, construção, cidade e urbanismo, tudo junto, beleza, mas o que eu faço com o engenheiro químico? ou com o engenheiro ambiental (novamente nada contra essas profissões, mas tenho certeza que nem eles entendem o que estamos fazendo juntos), nas audiências os engenheiro vão defender os engenheiro e os arquitetos quem defende? só os arquitetos? Nossa voz se torna muito menor... Daí estamos tentando pelos menos nos pronunciar, a criação do CAU.

Mas a ligação que as pessoas fazem de que o arquiteto é um decorador? Arquiteto sabe de interiores? Sabem e sabem bastante, porém não é só isso que nós fazemos... interiores não é somente se preocupar com os móveis para que fique tudo bonitinho é ter conforto... é ter espaços mínimos para circulação, é falar através das cores e suas conbinações...

Arquiteto não é só para fazer aquelas mansões, linda e maravilhosas que eu amo fazer, mas também é se preocupar como uma pessoa de baixa renda pode ter sua casa e ter conforto sem ter muito gasto, e nunca deixando a estática de lado...

Ser arquiteto é projetar uma escola para que as crianças não morram de calor no verão e não congelem no inverno sem a utilização de climatizadores artificiais...

É formular uma praça que seja acolhedora, que faça com que a gente tenha vontade de ir e não ir embora, dar segurança para estar nela...

É pensar na cidade não somente para hoje mais sim para o futuro... pois se não acontece o que está acontecendo hoje com as nossas cidades...

Ser arquiteto também é ser um artista, pois cada projeto que fazemos é uma obra de arte que fica exposta, é utilizada e ainda é vista por muitas pessoas, sem que elas precisem pagar ou ir muito longe para ver uma...

Ser arquiteto é cuidar do bem estar das pessoas, é dar alegrias a elas, marcar momentos especiais na vida delas sem que elas percebam...

Para encerrar essa minha exclamação sobre nós arquitetos uma frase de Lúcio Costa, que pra quem não sabe teve grande influência na construção de Brasília, Niemyer não pensou em tudo aquilo sozinho...

"Pode-se então definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa."

COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il.